O avanço das apostas esportivas no Brasil e o impacto do gasto médio mensal
Brasileiros gastam em média R$ 164 por mês em apostas esportivas; Confira o perfil de apostador e desafios para o governo com as bets
Brasil registra gasto médio de R$ 164/mês com apostas esportivas, revela balanço do governo.
O mercado de apostas esportivas no Brasil entrou em uma fase nova desde a Lei que regulamentou de forma completa a modalidade de quota fixa e abriu caminho para licenciamento, tributação, fiscalização e regras de proteção ao consumidor.
Dessa forma, desde o dia 1º de janeiro de 2025 as casas de apostas online podem operar legalmente no país, seguindo as regras locais e realizando o pagamento de taxas.
Essa ação também gerou no maior interesse dos brasileiros pelas bets, e o crescimento do setor de casas de apostas no Brasil tem sido acompanhado de perto pelo governo. Aposta é assunto para adultos.
Segundo dados divulgados pelo governo federal, o brasileiro gastou em média R$ 164 por mês em apostas esportivas em 2025, com um volume total no primeiro semestre médio de R$ 983.
Panorama atualizado do mercado brasileiro de apostas
Ainda de acordo com o governo federal, o perfil do apostador no país foi revelado, com maioria para os homens, que correspondem a 71% contra 28,9% das mulheres.
Confira o perfil do apostador por faixa etária:
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18 a 25 anos são 22,4%;
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25 a 30 anos: 22,2%;
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31 a 40 anos: 27,8%;
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41 e 50 anos: 16,9%;
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51 a 60 anos: 7,8%;
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61 a 70 anos: 2,1%.
Portanto, fica claro que a participação nas apostas se concentra principalmente entre 18 e 40 anos, distribuída em três faixas etárias com volumes mais altos. A partir desse ponto, os índices diminuem de forma consistente, chegando a ficar quase inexistentes entre os idosos.
Uma das explicações para esse padrão está na familiaridade com a tecnologia, já que pessoas mais velhas tendem a encontrar mais barreiras no uso de aplicativos e sites, enquanto o público jovem já navega nesses ambientes com muito mais naturalidade.
Arrecadação recorde das casas de apostas
Os dados ainda mostram que as empresas autorizadas do setor arrecadaram uma receita bruta no primeiro semestre de R$ 17,4 bilhões.
Vale destacar que, depois de definida a estrutura fiscal para a operação das plataformas de apostas, estabeleceu-se que as empresas devem pagar uma outorga de R$ 30 milhões, valor que garante a autorização de funcionamento por cinco anos.
Além disso, incide uma alíquota de 12% sobre o GGR (Gross Gaming Revenue), isto é, a receita bruta das casas de apostas após o desconto dos prêmios pagos aos jogadores.
Só em outubro, as bets arrecadaram cerca de R$ 1 bilhão desse total. Na comparação anual, o montante representa um salto de aproximadamente 16.000% frente ao ano anterior, quando a arrecadação havia sido de R$ 49 milhões.
Regulamentação, fiscalização e desafios do setor
Apesar da arrecadação ser um sucesso, a regulamentação também trouxe desafios para o setor, já que agora, com critérios de governança, controle e transparência, precisam encontrar o meio-termo entre tributação e medidas de prevenção.
Dessa forma, tornaram obrigatórias regras de jogo responsável (prevenção a vício, limites e suporte ao usuário) e medidas de integridade esportiva, como monitoramento e denúncia de manipulação de resultados.
Na fiscalização, o marco regulatório deu força ao combate às plataformas ilegais desde a sua entrada em vigor, com a Anatel e o governo intensificando o bloqueio de sites irregulares, removendo mais de 15,4 mil páginas entre outubro de 2024 e junho de 2025. A Receita Federal também promete ficar de olho nos rendimentos.
Porém, o setor enfrenta o “efeito hidra”, em que páginas retornam com novos domínios, versões espelhadas de apps e divulgação por influenciadores de marcas não licenciadas, dificultando o controle total e se tornando em um grande desafio diário.
Riscos sociais e financeiros associados ao crescimento das apostas
O crescimento das apostas esportivas gerou debates sobre riscos sociais e financeiros relevantes, já que o impacto tende a ser mais severo nas classes D e E, onde o dinheiro destinado às bets frequentemente compete com despesas essenciais do lar e aumenta a dependência de crédito.
Além disso, órgãos de defesa do consumidor alertam que a combinação entre baixo letramento financeiro e a promessa de ganho rápido favorece comportamentos compulsivos, enquanto a forte presença de publicidade ligada ao esporte ajuda a normalizar a aposta como prática cotidiana, sobretudo entre os jovens.
Segundo o Banco Central, em agosto foram cerca de R$ 3 bilhões transferidos para casas de apostas por beneficiários do Bolsa Família. Nesse grupo, a média de gasto estimada é de R$ 100 por mês, o que acendeu um alerta no governo, pois o programa tem finalidade de proteção social e renda básica, não de financiamento de apostas.
Esse cenário mostra como a expansão das apostas traz desafios adicionais de política pública, especialmente quando atinge populações vulneráveis. A tendência é de monitoramento mais intenso e de novas barreiras regulatórias para evitar que recursos sociais sejam desviados para o jogo.
